Este post foi baseado no artigo "Trees, forests and water: Cool insights for a hot world" publicado na Global Environmental Change de março de 2017 (volume 43). O post buscará dar enfoque na importância das florestas para o resfriamento do globo.
Atualmente, as florestas cobrem apenas cerca de um terço da superfície da Terra. Entre 2000 e 2012, o crescimento do meio urbano, a necessidade da expansão da agricultura, a exploração madeireira e os incêndios florestais resultaram na perda de aproximadamente 3,2% da cobertura florestal global.
O desmatamento e as transformações antropogênicas do uso da terra têm implicações importantes no clima, nos ecossistemas, na sustentabilidade dos meios de subsistência e na sobrevivência das espécies, suscitando preocupações quanto ao dano a longo prazo das funções naturais do sistema terrestre. Além disso, o desmatamento exerce influência sobre o aquecimento na escala local e altera a precipitação e a disponibilidade de água, sem mencionar a emissão de gases de efeito estufa.
As florestas desempenham um papel importante na regulação dos fluxos de umidade atmosférica e padrões de precipitação sobre a terra. As superfícies terrestres e oceânicas liberam vapor de água para a atmosfera. Em superfícies continentais, este processo é auxiliado por florestas e outras vegetações através da evapotranspiração (ET) - evaporação do solo e da superfície das plantas e transpiração pelas plantas.
Em média, pelo menos 40% das chuvas sobre a terra são originárias da ET, com maiores contribuições em algumas regiões do que outras, dependendo principalmente do tipo e da densidade da vegetação presente. Os impactos da ET derivada da floresta podem ser vistos em observações das chuvas por satélite: sobre a maioria dos trópicos, o ar que passa sobre as florestas durante dez dias geralmente produz pelo menos duas vezes mais chuva do que o ar que passa sobre uma vegetação escassa, por exemplo. As observações por satélite sugerem ainda que para cada aumento de 10% na umidade relativa, a quantidade de precipitação pode aumentar em cerca de duas a três vezes.
Além de interferir no ciclo hidrológico, as florestas influenciam nas temperaturas locais e globais e no fluxo de calor. Em escala local, as florestas podem permanecer muito mais frescas durante o dia devido à sombra e ao papel da evaporação e transpiração na redução do calor sensível. Nas regiões tropicais e temperadas, as florestas esfriam a superfície da Terra. Em contraste, em altas latitudes e principalmente no inverno, as florestas contribuem para o aquecimento local.
Usando a energia do sol, as árvores podem transpirar centenas de litros de água por dia, ou seja, caso ali não existissem árvores, a energia do sol seria absorvida pelo solo auxiliando o aquecimento local ou refletida, aumentando o aquecimento local e global. As árvores também reduzem as temperaturas em ambientes urbanos. As áreas urbanas com maior cobertura de árvores e vegetação e menos superfícies impermeáveis tendem a apresentar temperaturas mais baixas do que as cobertas por superfícies sólidas. Conclui-se, nesse caso, que manter as árvores pode reduzir altas temperaturas e amortecer eventos extremos que surgirão com as mudanças climáticas.
A interferência das florestas na água e no clima em escalas locais, regionais e continentais apresenta-se como uma poderosa ferramenta de adaptação que, se utilizada com sucesso, também possui grande potencial de mitigação dos efeitos relacionados às mudanças climáticas em nível global. Por fim, um chamado à ação sobre as florestas, água e clima está emergindo em muitas frentes. A consideração dos efeitos das florestas na água e no clima sugere que este apelo é urgente e, estimular as abordagens regionais e continentais, pode ajudar a desenvolver uma governança mais adequada, melhorando assim as chances de sucesso perante esse grande desafio que se ergue na tentativa de manter o equilíbrio térmico local e global.
REFERÊNCIAS
http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0959378017300134
🌳🌲
Comentários
Postar um comentário